Sobre nós


O blog “Falando do B” tem como objetivo resgatar a história de um grande sucesso do Jornal do Brasil, o Caderno B. Os alunos da FACHA (Méier) desejam mostrar o início desse suplemento, a sua fase áurea, os grandes escritores e jornalistas que trabalharam no caderno e o quanto ele foi importante, visto que inaugurou uma área cultural até então inexplorada pelo jornalismo brasileiro. Os cadernos culturais se transformaram em objeto de desejo da maioria dos jornais depois de sua criação. O Caderno B foi o pioneiro e até hoje nós podemos curtir esse trabalho diariamente no JB.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Textos do B

ÚLTIMO DESEJO (22/03/1985)
Zózimo Barrozo do Amaral

De um conhecido socialite que costuma dividir seu tempo entre o Rio e Nova Iorque, explicando porque ao morrer gostaria de ser cremado e ter suas cinzas espalhadas nos diversos andares do Bloomingdale’s.
- Pelo menos assim eu garantiria que minha viúva iria me visitar pelo menos quatro vezes por ano.

Textos do B


Clarice Lispector escreveu entre agosto de 1967 e dezembro de 1973, todos os sábados, no Caderno B. Ela falava sobre temas variados: da infância no Recife a uma passeata contra a ditadura nas ruas do Rio de Janeiro; seu processo de criação; a satisfação em receber o carinho dos leitores e as particularidades da sua vida familiar.


AS CRIANÇAS CHATAS (19/08/1967)
Clarice Lispector

Não posso. Não posso pensar na cena que visualizei e que é real. O filho está de noite com dor de fome e diz para a mãe: estou com fome, mamãe. Ela responde com doçura: dorme. Ele diz: mas estou com fome. Ela insiste: durma. Ele diz: não posso, estou com fome. Ela repete exasperada: durma. Ele insiste. Ela grita com dor: durma, seu chato! Os dois ficam em silêncio no escuro, imóveis. Será que ele está dormindo? – pensa ela toda acordada. E ele está amedrontado demais para se queixar. Na noite negra os dois estão despertos. Até que, de dor e cansaço, ambos cochilam, no ninho da resignação. E eu não agüento a resignação. Ah, como devoro com fome e prazer a revolta.

Curiosidades do B

Marina Colasanti foi subeditora de texto do Caderno B, sendo diretamente responsável pelas crônicas de Clarice Lispector. Segundo a mesma, ela dizia crônicas por cacoete porque, na verdade, fugindo à estrutura da crônica tradicional, eram simplesmente textos, reflexões curtas, talvez rabiscadas em origem nas costas de uma nota de compras. Vinham num envelope pardo, grande, trazendo sempre a recomendação: “Atenção, não perder, não tenho cópia!”. Isto durante anos, sempre a mesma recomendação. E às vezes, em breves contatos telefônicos, ela ainda reforçava: “Marina, tome cuidado, não perca minha crônica, porque não tenho cópia” - e em seguida acrescentava - “Eu não uso carbono, o carbono franze”. É claro que nunca perderam um único texto de Clarice Lispector.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Zózimo no B


Zózimo foi uma das grandes estrelas do B. O professor PC é colecionador de notas publicadas por Zózimo. Costuma publicar em seu blog (http://blogdoprofessorpc.blogspot.com/). Joaquim Ferreira dos Santos falou sobre Zózimo e o blog em sua coluna "Gente Boa", no Globo.

Textos do B

Texto publicado no Caderno B em 12 de julho de 1983, de Zózimo Barrozo do Amaral. Ele foi um dos colunistas mais famosos do Jornal do Brasil e a sua coluna saía diariamente na página 3 do Caderno B.

"A rica fauna dos cheques da crise ganhou ontem mais um exemplar - o cheque-coruja. Só funciona com desenvoltura à noite, em bares, boites e restaurante. De dia, no banco, não vale nada."
Por Priscilla Diniz