Sobre nós


O blog “Falando do B” tem como objetivo resgatar a história de um grande sucesso do Jornal do Brasil, o Caderno B. Os alunos da FACHA (Méier) desejam mostrar o início desse suplemento, a sua fase áurea, os grandes escritores e jornalistas que trabalharam no caderno e o quanto ele foi importante, visto que inaugurou uma área cultural até então inexplorada pelo jornalismo brasileiro. Os cadernos culturais se transformaram em objeto de desejo da maioria dos jornais depois de sua criação. O Caderno B foi o pioneiro e até hoje nós podemos curtir esse trabalho diariamente no JB.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Entrevista: Lilian Newlands

Período que esteve no JB

O curso prático promovido pelo próprio JB foi feito em fins de 1968, um ano que fala por si. Fiquei lá até 1970. Voltei em 1979 e esse período estendeu-se até 1990.

Importância do JB

A importância do JB na vida do país é um reflexo do que foi a importância na vida das pessoas. Foi uma grande escola tanto na profissão quanto nas relações humanas. Além do aprendizado na feitura de uma reportagem, todo o clima que cercava esse jornal tornou as pessoas mais tolerantes, capazes de decidir por si qual a maneira mais humana de lidar com o outro, seja nos altos círculos, seja com aquele sujeito que a vida esqueceu. Acho isso muito importante no cotidiano, porque, mais do que nos grandes momentos, é na hora despojada que as coisas se mostram como são. Acho, sem nenhum exagero, que o jornal - naqueles momentos, entre aquelas pessoas e diante daquelas circunstâncias diversas - tornou muita gente pessoas melhores, porque tiveram a chance de se conhecer, agir e até transformar.





Nem faz assim tanto tempo e nós trabalhávamos sem celular, sem computador, sem essa tecnologia (maravilhosa) que derruba grande parte das dificuldades. Estou falando da redação do Jornal do Brasil, para onde entrei através de um curso prático de Fernando Gabeira, saí, e voltei por dois períodos. Uma experiência humana e profissional inigualável, para mim e - acredito - para quase todos que passaram por lá. O Caderno B era, sim, o ponto máximo. Ao longo do tempo em que trabalhei no jornal fiz diversas colaborações para o B, sempre a convite de Humberto Vasconcellos. Mas eu era da geral e a geral sempre foi a minha escolha. E eu olhava em volta e constatava que ali todo mundo era muito, muito bom mesmo. Acho que o decantado "salário-ambiente" fazia todo sentido. E tinha mais: ainda que o Caderno B fosse o carro-chefe dos grandes textos, a reportagem geral estampada nas folhas diferia dos outros jornais pelo texto primoroso dos repórteres. Mesmo matérias de polícia, greves, abastecimento, etc, ou seja, o famoso "mundo-cão", tudo era tratado com uma leveza e um estilo próprio. Era o B na geral. E acho que, na época, isso era muito raro. Como raríssimo foi o grande encontro entre as pessoas. Era uma redação muito unida e solidária. A prova disso são os encontros que continuam até hoje, levando às vezes mais de 200 pessoas para um restaurante, só pra confraternizar, só pra abraçar uns aos outros, só pra ter certeza de que aquele foi um tempo real.

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