Fala-se muito ultimamente em quatro rapazes: os Beatles. Eles representam para a Inglaterra o que a Brigitte Bardot representava há pouco tempo para a França: um monte de divisas. Por causa disso, a Rainha os elevou à Ordem do Império Britânico. Diante do quê os velhos heróis britânicos devolveram suas condecorações. Nesse momento ficou claro que os Beatles simbolizam a juventude atual, cujo comportamento e linguagem estão em conflito permanente com os chamados valores respeitáveis, representados estes pelos velhos heróis. Um deles, Paul Mc Cartney, fez esta declaração importante:
- Os velhinhos estão zangados porque nós conquistamos, cantando, a medalha que eles foram buscar no campo de batalha. Pois eu acho que é muito melhor cantar do que fazer a guerra.
Eis, em sua simplicidade, o conflito. A juventude quer a dança, a bagunça alegre; os mais velhos vêm com aquela velha história de honra e bravura, que acaba em sangue e lama. O encanto dos Beatles reside no fato de que não levam nada a sério, a não ser o dinheiro. E não se preocupam muito com o dinheiro, apenas vão recolhendo aquilo que ganham com o seu trabalho. Mostram-se cabeludos só para chatear, e um deles, John Lennon, considerado o intelectual do grupo, chegou mesmo a publicar um livro completamente alucinado, que lembra os belos tempos de outra geração igualmente descontraída, pacífica, alegre e, por isso tudo, perigosa: os surrealistas. Foram dizer a John Lennon que o modo como o seu livro fora escrito recordava a técnica de James Joyce. Eis o que ele comentou:
Todo mundo falava tanto que eu imitava o Joyce que acabei resolvendo lê-lo. Foi fantástico. Incrível. Levei a metade de um dia para decifrar a metade de um capítulo. Mas tive a impressão de reencontrar o meu papaizinho...
É bom que os jovens não tenham medo de nada e que se lancem como iconoclastas sobre tudo o que se considera mais sagrado e respeitável: os cabelos cortados, a literatura de vanguarda, qualquer espécie de protocolo e, finalmente, aquilo que é quase sempre o fim de tudo isso: a guerra para defender toda essa hierarquia, que no entanto é sempre contestável. Quem fez a fortuna dos Beatles foram as crianças. Em todas as regiões do Ocidente, as crianças se apaixonaram por eles e começaram a disputar os seus discos. Foi uma penetração irresistível: dos 200 milhões de dólares ganhos em 1964 pela indústria norte-americana de discos, 50 por cento eram representados pelos Beatles. Cem milhões de dólares, portanto, é quanto eles valem, em apenas um ano e em apenas um país. Em vez de devolverem as medalhas, aqueles velhos senhores deveriam começar a perguntar por quê. Por que os Beatles? Por que esses cabeludos, esses que zombam de tudo e não levam nada a sério?
Porque atrás dos Beatles estão toda a juventude e toda a infância. Esperemos que eles cresçam, e muitos velhos senhores começarão a tremer.
- Os velhinhos estão zangados porque nós conquistamos, cantando, a medalha que eles foram buscar no campo de batalha. Pois eu acho que é muito melhor cantar do que fazer a guerra.
Eis, em sua simplicidade, o conflito. A juventude quer a dança, a bagunça alegre; os mais velhos vêm com aquela velha história de honra e bravura, que acaba em sangue e lama. O encanto dos Beatles reside no fato de que não levam nada a sério, a não ser o dinheiro. E não se preocupam muito com o dinheiro, apenas vão recolhendo aquilo que ganham com o seu trabalho. Mostram-se cabeludos só para chatear, e um deles, John Lennon, considerado o intelectual do grupo, chegou mesmo a publicar um livro completamente alucinado, que lembra os belos tempos de outra geração igualmente descontraída, pacífica, alegre e, por isso tudo, perigosa: os surrealistas. Foram dizer a John Lennon que o modo como o seu livro fora escrito recordava a técnica de James Joyce. Eis o que ele comentou:
Todo mundo falava tanto que eu imitava o Joyce que acabei resolvendo lê-lo. Foi fantástico. Incrível. Levei a metade de um dia para decifrar a metade de um capítulo. Mas tive a impressão de reencontrar o meu papaizinho...
É bom que os jovens não tenham medo de nada e que se lancem como iconoclastas sobre tudo o que se considera mais sagrado e respeitável: os cabelos cortados, a literatura de vanguarda, qualquer espécie de protocolo e, finalmente, aquilo que é quase sempre o fim de tudo isso: a guerra para defender toda essa hierarquia, que no entanto é sempre contestável. Quem fez a fortuna dos Beatles foram as crianças. Em todas as regiões do Ocidente, as crianças se apaixonaram por eles e começaram a disputar os seus discos. Foi uma penetração irresistível: dos 200 milhões de dólares ganhos em 1964 pela indústria norte-americana de discos, 50 por cento eram representados pelos Beatles. Cem milhões de dólares, portanto, é quanto eles valem, em apenas um ano e em apenas um país. Em vez de devolverem as medalhas, aqueles velhos senhores deveriam começar a perguntar por quê. Por que os Beatles? Por que esses cabeludos, esses que zombam de tudo e não levam nada a sério?
Porque atrás dos Beatles estão toda a juventude e toda a infância. Esperemos que eles cresçam, e muitos velhos senhores começarão a tremer.
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