Reynaldo Jardim foi o criador do Caderno B e participou da reforma do JB nos anos 50. Aos 82 anos, diz estar cada vez mais jovem e pede para não ser chamado de senhor. Com simpatia, se disponibilizou a responder perguntas para o Falando do B.
1- Como foi seu ingresso no JB? Quais cargos ocupou até chegar no momento
da criação do Caderno B?
Pela porta do Rádio Jornal do Brasil, onde dirigi e criei o Sistema “música e informação”.
da criação do Caderno B?
Pela porta do Rádio Jornal do Brasil, onde dirigi e criei o Sistema “música e informação”.
2- No que exatamente consistiu a Reforma do JB, ocorrida nos anos 50?
A reforma do JB começou justamente nesse suplemento. Era um caderno de vanguarda inserido num mar de anúncios classificados. Com o sucesso do SDJB, a Condessa Pereira Carneiro resolveu dar uma cara e um conteúdo novo ao jornal. Chamou uma equipe de jornalistas, a maioria vinda do Diário Carioca. A cabeça da reforma do JB foi o Janio de Freitas. Você precisa falar com ele.
3- Como foi o processo de criação do Caderno B, tanto na parte gráfica quanto na de conteúdo?
Antes de criar o Caderno B inventei o Suplemento Dominical do Jornal do Jornal do Brasil que começou sendo um programa de crítica, comentários e assuntos culturais. O programa se transformou em caderno cultural, onde colaboraram: Antônio Houaiss, Ferreira Gullar, Mário Pedrosa, Mario Faustino, o Nogueira, o Rouanet e um punhado de jovens muito bem informados.
4- De que forma foi traçada a linha editorial do B?
O JB era editado em dois cadernos. O segundo era apenas o prosseguimento do primeiro e nele saiam os classificados. Eu achei que esses anúncios deveriam sair em caderno separado. O caderno A, atualidade; o C, classificados; o do meio, o B, assuntos culturais. O B, batizado pelo Jânio, era editado por mim. Como eu só sei editar desenhando as páginas.
Não houve um planejamento a priori. As coisas foram tomando forma aos poucos, à proporção que ia formando a equipe. Havia páginas com editorias fixas. Por exemplo, o Sérgio Cabral escrevia uma página chamada “Música naquela base”. O Noronha copidescava “Onde o Rio é mais carioca” com matéria produzida pelo Amaury e a Vera. O Newton Carlos, “O céu também é nosso”.
5- O prestígio do Caderno era em função da qualidade das matérias ou dos colunistas?
Da inovação, do bom jornalismo, da dedicação de todo mundo.
6- De que forma os colunistas eram escolhidos?
Pelo talento e bom texto. Pela honestidade profissional.
7- Como era trabalhar com pessoas famosas como Clarice Lispector, Marina Colasanti e Drummond?
Eu criei e editei o B durante cerca de seis anos. Depois vieram outros editores. No meu tempo eu não trabalhava com pessoas famosas, trabalhava com jovens competentes que depois se tornaram famosos.
8- Por qual motivo o senhor se demitiu do JB em 1964?
Quando eu me demiti, era o editor do B, diretor da Rádio JB, fazia o Caderno de Domingo e uma revistinha para crianças.
Um dia eu cheguei na rádio e a equipe de programação da música não estava lá. Me informaram que o Dr. Brito havia convocado o pessoal para orientá-los. Entrei na sala de reunião e lá estava o meu pessoal recebendo instruções. Fiquei furioso com a quebra de hierarquia. Só porque ele era o dono da empresa pensava que podia passar por cima. Eu me sentia o dono da rádio. Sai da sala e bati a minha carta de demissão. Naquele tempo com mais de 10 anos de serviço, a não ser por justa causa, ninguém podia ser demitido. Sem uma alta indenização. Abri mão de tudo.
9- Em termos de ambiente, colegas e linha editorial, em qual veículo o senhor gostou mais de trabalhar?
Eu não trabalho onde não gosto. No JB era ótimo. No Correio da Manhã, melhor ainda. No Sol foi o trabalho mais gratificante.
10- O caderno de hoje pode ser considerado tão bom quanto o Caderno B dos anos 60 e 70?
O próprio Jornal do Brasil piorou muito, O B de hoje não é nada. O JB perdeu a dignidade formal e de conteúdo. Mas tem gente boa lá.
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Por Daniela Frauches e Jéssica Lima
Bingo! Parabéns. Valorizou muito o blog. E o Janio? Ele sugeriu. Tentem. Não custa nada. Digam que foi o próprio Reinaldo que "cobrou".
ResponderExcluirpc
Ótima entrevista. Parabéns pelo trabalho.
ResponderExcluirVendo que aqui moram jornalistas, deixo uma sugestão:
www.o-balde.blogspot.com
Blog do jornal O Balde, de Brasília.
Abraços
Equipe O Balde