O colunista Zózimo Barroso do Amaral registrou inúmeras palavras e expressões de gírias na célebre coluna social que fazia para o Jornal do Brasil, muitas das quais foram depois incorporadas à língua. No dia catorze de fevereiro de 1970, comentando a forma cautelosa com que famoso músico reentrara na atmosfera brasileira, depois de uma temporada no exterior, Zózimo escreveu no Caderno B: ''Durante o carnaval, na moita, chegou da Europa o Wilson Simonal''. ''Na moita'' é resquício de um tempo em que alguém podia ocultar-se no capim que grassava, primeiramente no campo, e depois também nas cidades.
Por complicada redução de palavra bem brasileira, combinada com insólita influência do inglês, ''niver'' passou a designar festa de aniversário. Nos finais dos anos sessenta, encontramos registro na imprensa que aludia à festa que um marido dera aos amigos ''para festejar o niver de sua bonita e louríssima esposa''.
Tão logo o dinheiro deixou de ser apenas moeda de metal e passou a ser impresso em papel, surgiram os qualificativos para nota: ''nota alta'', ''nota graúda'', ''nota violenta'', ''nota viva'', ''nota preta''.
Ainda não estava oficializada a existência do novo tipo que oferecia prestação de serviços sexuais extraordinários, a conhecida garota-de-programa, mas a imprensa já registrava, no alvorecer de 1970, que ''sair com ela custa uma nota alta''. Primeiramente, na ''garçonnière'', palavra francesa que designava o apartamento para este fim. E mais tarde, no motel, do inglês ''motel'', que designou originalmente hotel de beira de estrada, freqüentado preferencialmente por viajantes e com garagem para cada apartamento.
Os novos costumes retiraram os eufemismos e o motel substituiu a ''garçonnière'' em escala industrial.
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