Atanásio nasceu com seis dedos em cada mão.Cortaram-lhe os excedentes.Cortassem mais dois, seria o mesmo admirável oficial de sapateiro, exímio seleiro.Lombilho que ele faz, quem mais faria?Tem prática de animais, grande ferreiro.Sendo tanta coisa, nasce escravo,o que não é bom para Atanásio nem para ninguém.Então foge do Rio Doce.Vai parar, homem livre, no Seminário de Diamantina,onde é cozinheiro, ótimo sempre, esse Atanásio.Meu parente Manuel Chassim não se conforma.Bota anúncio no Jequitinhonha, explicadinho:Duzentos mil-réis a quem prender crioulo Atanásio.Mas quem vai prender homem de tantas qualidades?
Aqui, o que se destaca não é exatamente o poeta, mas o cronista que se expressa em versos. Boa parte dos poemas dessa fase, antes de aparecer em livro, foi publicada como crônica na coluna de C.D.A. no Jornal do Brasil.
Amadeus
Há um ano
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