(Capa do suplemento dominical do JB)
Em 1959 , o Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, embrião do que seria o Caderno B e sob a batuta de Reynaldo Jardim, publicou o manifesto neoconcretista,criado pela classe artística e intelectual do Rio de Janeiro,como pedra fundamental do movimento que reuniu personalidades como a artista plástica Lígia Clark ,Ferreira Gullar, Reinaldo Jardim, Theon Spanudis, Amílcar de Castro, Franz Weismann, e Lígia Pape.
O texto de Ferreira Gullar propunha uma ruptura com o movimento concretista capitaneado pelos paulistas, de cunho mais racional e influenciado pelo concretismo russo.Essa vanguarda estruturava sua criação na proposta de uma nova linguagem,racionalista ,influenciados pelos ares da modernidade que sopravam sobre a nova capital brasileira e acabaram por criar um novo recorte cultural .
Brasília nascia nos "50 anos em cinco" e Glauber Rocha o trazia o cinema novo enquanto a televisão providenciava um novo enquadramento ao olhar da sociedade.
Em 1956 o mesmo caderno já publicara a exposição concretista no Museu de Arte Moderna de São Paulo em apoio ao pensamento artistico de vanguarda.
(O manifesto)
Entretanto, para o grupo de criadores cariocas,não bastava a transformação da linguagem em novos padrões.Era preciso prescindir de qualquer regra e construir um olhar que retirasse o enquadramento do objeto de arte,transformando-o,como queriam os neoconcretistas,em não-objeto.Com essa afirmação propunha-se que o espectador criasse sua própria interpretação do objeto, manipulando-o em uso de seus proprios sentidos,seja na linguagem verbal,escrita,visual ou no contato com o elemento constituído fisicamente no espaço.
Esse novo conceito foi longamente explorado pelo suplemento ,em uma série de matérias que convidavam o leitor a construir sua própria percepção através da manipulação da criação artística,sem regras ou limitações com esquemas de montagem de estruturas e publicação de poesia neoconcreta.Estavam firmados então,os alicerces para a reforma gráfica que originou o caderno B,posicionando-o não somente como caderno feminino,proposta inicial do SDJB, mas como veiculo de divulgação das vanguardas artísticas da época.
Amadeus
Há um ano
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